A acreana que está reconstruindo a reputação da madeira amazônica com inteligência artificial

Da floresta ao algoritmo: como uma startup nascida no Acre está transformando a imagem da madeira amazônica no mundo

Durante muito tempo, falar de madeira amazônica foi sinônimo de problema. Fraude, desmatamento, ilegalidade. Mas há uma nova história sendo escrita e ela nasce dentro da floresta.

No coração da Amazônia, a floresta continua sendo o maior ativo do Brasil. O mundo inteiro discute carbono, transição verde e sustentabilidade e é bom que discuta. Enquanto isso, aqui na Amazônia, há quem pratique esses princípios todos os dias, manejando a floresta de forma responsável e buscando ferramentas que valorizem esse trabalho.

Foi observando essa realidade que nasceu a Wood Chat, uma startup que une ciência, IA e Amazônia para devolver confiança e reputação à madeira sustentável brasileira.

O ponto de partida não foi uma planilha, foi um edital. Em 2024, dentro do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), o projeto Conexão Floresta, coordenado por Idesam, SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus, Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia e Manaus Tech Hub, selecionou iniciativas voltadas à criação de soluções tecnológicas para a bioeconomia amazônica.

Foi nesse contexto que nasceu a Wood Chat, ainda como um projeto de pesquisa em inteligência artificial para identificação de espécies de madeira. O que começou como um protótipo acadêmico se tornou produto validado, e o produto virou um negócio de impacto: a floresta que inova, educa e exporta confiança.

Hoje, atuamos em três frentes principais

A primeira é a Wood Vision, tecnologia de visão computacional que identifica espécies de madeira amazônica com precisão científica, garantindo rastreabilidade e conformidade com exigências internacionais, como o Regulamento Europeu Antidesmatamento (EUDR).

A segunda é a Violeta, nossa professora da floresta, uma IA conversacional que vive dentro do WhatsApp e leva educação ambiental para comunidades, escolas e empresas.

E a terceira é o WoodCatalog, nossa base viva de espécies da Amazônia. Um produto técnico e científico riquíssimo, que reúne imagens, nomes populares, botânicos e dados de origem. Ele é a espinha dorsal que alimenta o aprendizado da nossa inteligência artificial e também um repositório de conhecimento sobre a biodiversidade da floresta.

Mais do que um banco de dados, o WoodCatalog é um patrimônio digital da Amazônia.

Essas soluções nasceram da floresta e hoje são reconhecidas por instituições como a Meta, FINEP, Sebrae, ApexBrasil, Fundação CERTI, Shell, consolidando o Acre como um novo polo de inovação verde no mapa global.

O futuro da madeira não está apenas nas toras, está na história que cada uma delas carrega. E, num mundo onde sustentabilidade virou sinônimo de confiança, a Amazônia tem tudo para se tornar marca de credibilidade global.

A inteligência artificial é o elo que conecta campo, ciência e mercado: transforma o manejo sustentável em dado verificável e mostra que a floresta em pé também gera valor econômico. Essa é a nova bioeconomia, a que nasce de quem vive no território e usa a tecnologia como ferramenta de valorização, não de exclusão.

Além de liderar a Wood Chat, também sou aluna especial no Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília. Já concluí a disciplina Mudança do Clima e estou concluindo Energia e Desenvolvimento Sustentável, somando 12 créditos, preparação essencial para ingressar como aluna regular e aprofundar o estudo sobre rastreabilidade, reputação e justiça climática na cadeia da madeira amazônica.

É ciência aplicada à vida real, o tipo de inovação que nasce da escuta das comunidades, dos desafios do campo e da vontade de transformar a floresta em símbolo de futuro.

A Amazônia não é apenas o pulmão do mundo. É o seu cérebro. E quando a floresta fala, a tecnologia aprende a escutar.

Como você enxerga o papel da inteligência artificial na construção de um futuro mais sustentável e transparente?

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